segunda-feira, 31 de maio de 2010

Baralhando Histórias












Nunca vos aconteceu estar a contar uma história e a criança dizer "Não é verde. É vermelho"...?








Pois aqui está uma versão do "Capuchinho Vermelho" distorcida, alterada por um avô que não consegue contá-la exactamente como ela é.
Cores, citações e uma interpretação gráfica original da teoria poética do erro de Rodari, apresentada de forma humorística. Cada aspecto da história é dado num crescendo, conduzindo a um final surpreendente...
A este avô distraído, a criança tem que lembrar a cada passo como é a verdadeira história. mas ás vezes é divertido ter um avô assim...


Contada sob a forma de diálogo, a história faz-nos participar num jogo no qual brincamos com avô e neta. É a cena perfeita do leitor activo que vai para além do mero ouvinte.

O conhecido torna-se novo neste clássico contemporâneo.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Oferece-me a Lua


Lembram-se da história de Pierrot, com a sua eterna lágrima a rolar pela face? Pois bem, esta é uma versão reinventada.


É Inverno em Veneza. A cidade sonha e dança sob a neve que difunde pétalas de algodão. Marcelo toca violino para Columbina. Pierrot, aproveitando a sua solidão, oferece-lhe um beijo e ela pede-lhe a lua... O resto da história? Pois cabe ao leitor descobrir.

A mensagem do livro é a do amor, num texto curto, poético, comovente e profundo, onde as personagens são os dois apaixonados da Commedia dell'arte Pierrot e Columbina. Toda a atmosfera de ternura perpassa nas ilustrações, sobretudo na forma arredondada das roupas e das caras, e também na doçura e fluidez dos traços das personagens.

A música, essa, está sempre presente - na história e na ilustração. Um conto de fadas moderno, mas com o encanto de outros tempos...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Conhece James Myhew?


Não é, de facto, um autor muito conhecido em Portugal. As suas obras não estão traduzidas nem se encontram à venda. Mas é uma pena... Vale a pena conhcê-lo.





Permitam que vos apresente este escritor/ilustrador britânico que criou uma colecção particularmente interessante: os livros da Katie.

A Katie é uma menina que gosta de entrar pelos quadros dos grandes pintores e explorá-los livremente. Como é de esperar, as histórias são repletas de aventuras e peripécias, envolvendo (também) as figuras dos quadros. Assim se introduzem as crianças no mundo da Arte, particularmente da Pintura.

Da Vinci, Van Gogh, Monet... são apenas alguns exemplos. O último livro da série é sobre pintores escoceses.

Um Presente Diferente


E se recebesse um presente que fosse uma desilusão? Às vezes acontece e as crianças nem sempre sabem lidar com isso...


Este livro, no seu estilo infantil muito particular, conta a história de dois amigos que vivem uma série de aventuras com um presente que um oferece ao outro.

Serve de pretexto para falar da amizade e do amor, do valor da partilha e da criatividade. As imagens narram tanto como as palavras, pois para entender a última página há que ter estado muito atento às anteriores, nas quais aparece um terceiro protagonista que potencia o sentido da história...

O texto é minimalista e as ilustrações de grande qualidade, pelo recurso à aguarela e ao desenho. Têm um formato extenso que ultrapassa as duas páginas e conduzem à refexão e à criação de expectativas. Assim sendo, permite rflectir com os mais pequenos sobre o sentido da decepção quando alguma coisa não sai exactamente como se esperava. É excelente para desafiar a imaginação das crianças.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Avós


O livro não é recente, mas é muito bom.


É sem dúvida um livro de homenagem aos avós e um canto à vida dos mais velhos com quem muito podemos aprender.

Conta a história de dois idosos que aceitam com naturalidade a passagem do tempo. A avó é vaidosa como uma menina e o avô adora dançar com ela... Esta narrativa ajuda-nos a entender como os mais velhos vivem o seu dia-a-dia, fazendo-nos decobrir sentimentos e emoções daqueles que um dia também foram jovens.

Através de uma estrutura acumulativa e de um texto poético, Avós ensina-nos a encontrar a beleza através dos olhos do amor e mostra-nos a vantagem de viver a vida com um sorriso nos lábios...

terça-feira, 11 de maio de 2010

O Homem de Água



Finalista do Prémio Anderson 2008 e seleccionado para a III Bienal Internacional de Ilustração Infantil - Ilustrarte, este livro conta a história de alguém que, um dia, deixou a torneira aberta e não a voltou a fechar. A água, de tanto se acumular, decidiu criar um homem alto, azul, transparente e cristalino... Um homem de água!
Mas nem todos estavam contentes com o novo vizinho, um homem indubitavelmente estranho...
Um livro rico de fantasia com uma bela história simples e inteligente que nos leva a apaixonar pelo homem de água. Os tons suaves e as metáforas visuais da ilustração completam esta beleza que nos encanta.

Fresca e generosa, como o ser aquático que a protagoniza, esta é uma história sensível e poética que realça o valor da diferença e acalma a sede das palavras, emoções e sensações dos leitores...

É um bom livro para tratar de questões como a água, o meio ambiente, a convivência e a diferença.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A Grande Viagem


Algum dia, talvez dentro de pouco tempo, construirei um barco muito grande...


Assim começa esta poética história, onde um menino - com a força da sua imaginação - sonha uma viagem na qual percorrerá o mundo...enquanto todos dormem.

No seu barco - que construirá com os lençóis da cama - voará dias e noites por longínquos países até ao outro lado do mundo, onde as pessoas têm ímanes nos sapatos para se manterem presas à Terra...

Desta viagem retiram-se mensagens essenciais ao amadurecimento pessoal da criança.

Anna Castagnoli criou um discurso harmónico de grande qualidade plástica e literária.


A obra foi vencedora do Prémio Isaac Días Pardo para o melhor livro ilustrado de 2009.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ismael e Chopin



Depois de O Segredo do Rio, Miguel de Sousa Tavares vai lançar um novo livro infantil. Intitula-se Ismael e Chopin e conta a história da amizade entre um músico e um coelho.

Isamel é um coelho esperto que vai conhecer a música e, sobretudo, um jovem músico chamado Chopin... O que poderá resultar deste relacionamento?

É só comprar o livro e desobrir. A saída está prevista para 12 de Maio.

A ilustração (brilhante) é de Fernanda Fragateiro.

Um Grande Sonho


Vencedor do Prémio Ilustração Compostela, este é um livro inquietante de desenvolvimento linear e conceito muito simples, sobre a ambição e o desejo de fazer algo grandioso a deixar marca na História.

A história começa com o nascimento de um crocodilo que tem grandes sonhos e move-se nos termos do mito pelo que tem de "fundação" e de "explicação mágica" das coisas que nos rodeiam. Assim, os pequenos (e grandes leitores) são transportados ao fascinante mundo da mitologia maia e da astronomia.
O autor é mexicano e, talvez por isso, soube como utilizar essa mitologia. Senão vejamos: os astrónomos maias representavam a Via Láctea como uma serpente. Mas essa visão evoluiu para a imagem de uma canoa em forma de crocodilo. E cá temos um bom livro para nos pôr a falar de constelações e mitologia...
Já agora, encontramos na personagem traços de Ícaro (no final, o crocodilo quer igualar-se ao Sol e prefere a morte à renúncia) e de Eróstrato (o crocodilo prefere viver para sempre da fama)...
E o que o livro tem de inquietante é que admiramos a beleza das constelações e, na generalidade, entendemos a aspiração do grande sonho. No entanto, o seu protagonista é um destruidor...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A Que Sabe a Lua?


A tartaruga, o elefante, a girafa, a zebra, o leão, o raposo, o macaco... e tantos outro animais vão ter que trabalhar em conjunto nesta história de amizade e companheirismo. Estes simpáticos animais vão realizar um grande sonho (quase impossível!): provar a Lua...
Entre a fábula e a lenda, a história fala da generosidade, da solidadriedade e dos sonhos partilhados. É um óptimo livro para primeiros leitores, pois sustenta a narrativa na repetição e acumulação de personagens, à maneira dos contos tradicionais. Esta estrutura de "conto tradicional" repetitiva e sugestiva exige que, mais do que lida, a história seja contada...
Uma história de desejos que parecem inatingíveis, mas que, com a ajuda de todos, se concretizam afinal. A ternura e simplicidade que o livro deixa transparecer devem-se, em muito, às ilustrações em papel couché. Deveras cativante!

O livro está recomendado pelo PNL.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Pinguim



Depois de receber um pinguim de presente, Quim tenta tudo para que ele fale. Mas não tem qualquer sorte. Obstinado e teimoso, o pinguim tem carácter e quase vence Quim. É então que a aventura começa...
A história exemplifica, na perfeição, o comportamento das crianças em idade pré-escolar e, por isso mesmo, os meninos vão adorar a "tolice" desta narrativa.
Ilustrações simples e elegantes captam quer o humor da situação, quer a angústia da criança solitária que, desesperadamente, quer que o brinquedo se transforme num ser verdadeiro.
O ponto alto da narrativa é visual e a imagem faz relembrar toda a história, revelando a importância do "lembrar" e da "partilha de experiências" na amizade.


Um pinguim silencioso (que se torna maravilhosamente eloquente) e um menino "mandão" que consegue o seu grande desejo. Eis a combinação perfeita para um livro bem conseguido.
Fica a informação de que está recomendado pelo PNL para o Jardim de Infância.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Espelho


Lembram-se de A Onda? Pois este é o mais recente álbum da autora.


Interessante. Inteligente. Excelente ideia. Simples. Admirável. Divertido. Eis algumas palavras que podem descrever este novo trabalho de Suzy Lee.
Conta a história de uma menina que se encontra com o seu rflexo num espelho. Envergonhada, de início, vai-se libertando até dançar consigo própria. A linha que separa as páginas estabelece uma fronteira ente a realidade e a ilusão (ou o reflexo do espelho)...
As imagens falam por si, sem haver necessidade de palavras, e fazem-nos lembrar uma criança a brincar com um espelho.
As ilustrações são simples, mas cheias de vida e expressão, nomeadamente na linguagem corporal da menina. E o facto de cada página da direita reflectir a anterior (como um verdadeiro efeito de espelho) cria o formato perfeito para se brincar com o livro.
Esta sedutora narrativa visual trata de assuntos muito sérios: a auto-estima, a consciência de si e dos outros e o egocentrismo (tão importante na infância). Por isso, a brincar, a brincar - em páginas que se abrem como um palco onde se desenrola uma espécie de bailado gracioso e mágico - temos neste livro um convite à descoberta de si próprio ou daquele que nos olha do outro lado do espelho...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A Árvore Generosa



Era uma vez uma árvore...
que gostava de um menino.


Assim começa a história inesquecível, magistral, ternamente bem escrita e ilustrada de A Árvore Generosa.
Todos os dias, um menino vem até à árvore para comer as suas maçãs,
balouçar-se nos seus ramos ou escorregar pelo seu tronco... e a árvore é feliz. Mas à medida que o menino cresce, começa a querer mais da árvore. E a árvore dá e dá...
A polémica instala-se nesta relação, vista por muitos como um acto egoísta e, por outros, como um acto altruísta. O livro foi publicado pela primeira vez em 1964 e a história claramente mostra a infância como sendo o tempo da felicidade relativa, comparativamente com o sacrifício e a responsabilidade da idade adulta.
Por isso, independentemente da visão de cada um, esta não deixa de ser uma história terna, sarapintada com alguma tristeza em simultâneo com a consolação. Trata-se de uma parábola comovente para leitores de todas as idades, que oferece uma bela interpretação do dom de dar e uma serena aceitação da capacidade de se amar em retorno.
Duas qualidades a caracterizam: a abordagem de temas fundamentais (o tempo, a morte, a vida, amizade...) e a ilustração sóbria e precisa (a negro sobre papel creme)
Pura poesia transformada em prosa!