terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Algumas notas sobre lendas

Também se inicia hoje um espaço para algumas informações sobre conto, lenda e mito (de acordo com os pedidos que foram sendo feitos). Serão textos breves que não dispensam, a todos os interessados, outras leituras complementares.

Começamos com a LENDA.

A lenda esteve, durante algum tempo, associada às vidas de santos (hagiografia). No entanto, o seu sentido estendeu-se e, hoje, tem esse cariz de veracidade relativo a pessoas, locais ou acontecimentos.
Dirige-se, antes de tudo, à comunidade onde nasceu. Liga-se a comportamentos e costumes. Em alguns casos, procura explicar o nome das localidades (toponímia) e até alguns fenómenos (sons, luzes...) para os quais não se encontra uma explicação dita "científica". Isto significa, então, que a lenda é inseparável do seu contexto (ao contrário do conto).
Segundo Nuno Júdice, há na lenda uma "vontade de contar", pois o "relato lendário é o momento primitivo da explicação do mundo, talvez anterior ao mito".
A lenda está, assim, sempre associada a episódios locais. É isso que confere individualidade ao espaço onde é contada. No entanto, a sua divulgação fica comprometida...
Leite de Vasconcelos (cuja recolha de lendas é muito vasta) organiza-as em grupos, se acordo com o seu "tema" (há as hagiográficas, as de mouros e moras, as etiológicas...).
Mas quem são as entidades que povoam as lendas? A resposta surgirá no próximo apontamento.

Portugal é rico em lendas de Norte a Sul. Fica o desafio para que sejam descobertas e contadas, promovendo, deste modo, a preservação do património oral e da identidade do nosso país.

Aqui se deixa uma lenda recolhida na região da Lourinhã e contada por Fernanda Canôa.


Lenda da Cova da Moura
Havia uma moura que costumava dar pão a uma menina muito pobre. Um dia a moura deu-lhe um cesto tapado com um pano e disse-lhe para não abrir até chegar a casa, mesmo que tivesse curiosidade. Mas mesmo assim, a menina a meio do caminho para casa tirou o pano e lá dentro estavam besouros que voaram.
Quando amenina chegou a casa estava dentro do cesto uma moeda de ouro. Era um besouro que não tinha fugido e que se transformou numa moeda de ouro. Se a menina não tivesse curiosidade, teria mais moedas de ouro.

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